Artigo: Um protagonista chamado BI, por Helen Abdu*

No mundo organizacional, a informação se tornou mercadoria mais valiosa - além de ser aquela que mais se expande a cada dia. Basta pensarmos que, atualmente, um dia da semana tem muito mais informações do que o mês de alguém que viveu no século passado. Neste cenário, podemos dizer que o conhecimento é tal qual uma moeda do nosso tempo, onde a velocidade das mudanças age como a taxa de inflação; quanto mais alta for essa taxa, mais rapidamente essa moeda perde seu valor.


Mais interessante ainda é pensarmos que, em tempos de pandemia, os dados possuem ainda mais protagonismo para a tomada de decisão, uma vez que cadeias de fornecimento, indústrias e mercado financeiro ainda sentem seus efeitos (e pelo caminhar da crise sanitária, ainda sentirão por um bom tempo). Neste cenário, a tecnologia tem se mostrado uma aliada fundamental na busca por soluções para guiar os negócios, principalmente quando nos referimos ao uso e enriquecimento de todas as informações recebidas.

Obviamente, o aumento e velocidade de dados que chegam a uma empresa podem representar um benefício para qualquer negócio, mas também pode ser um fator limitador. Afinal, o que fazer com tanta informação? Quais delas fazem sentido? O que merece atenção e o que pode ser deixado de lado? São perguntas que são feitas o tempo todo, cujas respostas são entregues por ferramentas de Business Intelligence, ou BI. De acordo com levantamento da Research & Market, nos próximos quatro anos a adoção de ferramentas deste tipo no mundo deverá registrar crescimento médio anual de 12%.

O BI é uma das mais importantes tendências de tecnologias nos próximos anos porque surge com funcionalidades voltadas para auxiliar a análise de estatísticas, atribuindo mais valor e assertividade ao processo de geração de dados. Com ele, o uso das informações possibilita uma tomada de decisão que pode mudar o cenário atual e criar ambientes futuros. E no decorrer deste processo, o uso das informações também se faz presente, permitindo o acompanhamento da evolução e possibilitando alterações nas decisões.

Em poder das informações, é praticamente impossível não fazer uso delas simplesmente porque elas abrem oportunidades e permitem um diagnóstico mais acurado do mercado hoje e futuro; graças às ferramentas, é possível avaliar com assertividade market share e market size, realizar análise de concorrência, monitorar principais concorrentes, o que eles estão importando, exportando e o volume - dados fundamentais para compreender o mercado como um todo. Além disso, a confiabilidade e a precisão das informações é que possibilita a sua utilização para a definição de estratégias e tomada de decisão. Outro ponto importante é que as empresas conseguem provisionar novos produtos que estão entrando no mercado.

Para se ter uma ideia da importância da informação, sobretudo em tempos de pandemia, cito o exemplo do comércio internacional (nossa área de atuação). Há um universo composto por importadores, exportadores, bancos internacionais, rodas modais, parceiros logísticos e muitos outros atores produzindo informações dinâmicas sem parar, e isso produz muitas mudanças que podem ocorrer em apenas 60 segundos. Tudo isso alimenta softwares que trabalham em tempo real e estão se tornando essenciais para a tomada de decisão precisa.

No caso do BI da Descartes, são reunidas informações de 230 aduanas de cinco continentes com objetivo de viabilizar análises de mercado, qualificação de fornecedores, monitoramento de preços, benchmarking de concorrência e market size em vários territórios - além, é claro, de possibilitar a prospecção de clientes. Digo sempre que é preciso olhar para este grande volume de dados de maneira holística, munindo os clientes com dados de qualidade para que a tomada de decisão seja a mais assertiva possível.

Por conta da pandemia, observamos aumento significativo de companhias farmacêuticas que recorrem ao BI para obter dados que permitam a elas analisarem importações de insumos. O mercado agrícola também continua investindo nesta tecnologia, já que estas empresas exportam boa parte de suas produções e registraram ganhos significativos por causa da alta do dólar. O mesmo vem ocorrendo com segmento de pedras, como quartzo, granito e mármore, já que hoje o Brasil é o quinto maior produtor do mundo.

É comum vermos as organizações buscarem os dados quando a situação da empresa está diferente do esperado, no intuito de entender o que está acontecendo; é quando elas percebem o poder da informação e passam a enxergar que só aqueles que sabem como utilizá-las conseguem mais facilmente uma posição de destaque.

Para finalizar, as empresas dependem muito da tecnologia para estarem prontas para novas crises que podem vir agora ou no futuro. Entre os aprendizados que podem ser tirados do momento atual, estão a importância de automatizar e otimizar processos e, principalmente, a de adotar uma estratégia que priorize o uso inteligente da informação, alcançando decisões assertivas e que incentivem a obtenção de melhores resultados, com menos custos e mais lucro.

*Helen Abdu é especialista em marketing intelligence da Descartes