Inteligência Artificial é o caminho para o futuro da logística
Erick Martins (*)
Mais um ano está chegando ao fim e, com isso, surgem expectativas de crescimento em todos os setores da economia. No segmento logístico não é diferente e, em um cenário de avanço, entendo que a Inteligência Artificial desempenhará papel preponderante para atender às demandas e às expectativas das empresas e dos clientes. Isso porque há uma série de vantagens em utilizá-la na logística – benefícios que vão desde a relação custo-benefício até a eficiência operacional.
Por exemplo, com a ajuda da IA podemos prever com precisão a demanda do consumidor por bens e serviços, examinando dados de contextos passados, as condições atuais de mercado e também as variáveis externas. Tudo isso ajuda as empresas de logística a alocar recursos de forma eficiente, programar rotas de transporte e otimizar os níveis de estoque, possibilitando a redução de custos operacionais, como combustível, mão de obra e manutenção de veículos. Lembro que este é um desafio para dez entre dez companhias que atuam no setor, o que vai tornar a Inteligência Artificial um recurso imprescindível nos próximos anos.
Este ano, durante o Innovation Forum da Descartes, realizado nos dias 12 e 13 de outubro, em Chicago, falamos muito sobre o tema e discutimos com especialistas a profundidade dos benefícios que a IA deve proporcionar ao segmento como um todo. Na ocasião, muitas palestras interessantes foram ministradas por líderes de mercado trazendo um farol de visão e iluminando o caminho que as empresas deverão seguir no cenário dinâmico de hoje. O que vimos foi uma prova do valor insubstituível dos intercâmbios presenciais na busca pela inovação e pelo crescimento, sobretudo por conta da inserção da IA no cotidiano das operações logísticas.
Lá, a Descartes mostrou como seu software torna cada parte do ciclo de vida da entrega mais eficiente: desde o agendamento de compromissos até o planejamento e execução de rotas, passando por soluções móveis para motoristas e outros trabalhadores de campo, até a interação digital com o cliente. Foi uma troca de experiência muito rica entre os participantes, que falaram sobre melhorias para as plataformas apresentadas com base na experiência concreta dos representantes das empresas presentes.
A otimização de rotas é também um ponto que merece comentários em destaque: este é um recurso de algoritmos de IA baseados em dados em tempo real, incluindo padrões de tráfego, previsões meteorológicas e prazos de entrega. Ao utilizar a IA para esta finalidade, as empresas conseguem economizar custos logísticos, entre eles o consumo de combustível e o tempo de viagem (e ainda levando em consideração muitos outros fatores relevantes).
Uma companhia que conte com uma quantidade grande de caminhões e atenda milhares de pedidos por dia corre o risco de ficar para trás se contar com uma roteirização manual, uma vez que não há como atender às expectativas do cliente. Sendo assim, a IA deve se consolidar nos próximos anos como uma tecnologia fundamental graças aos seus algoritmos avançados aplicados para calcular rotas mais eficientes, minimização de distâncias e consideração de pontos críticos como tráfego em tempo real, restrições de peso e tamanho, horários de entrega e preferências do cliente.
Na última milha, a otimização com IA também considera uma série de variáveis, como dados em tempo real, preferências do consumidor e circunstâncias do tráfego, o que permite alocar recursos de entrega de forma dinâmica e até utilizar carros autônomos ou drones para distribuição. Sem dúvidas, essa tendência deve aumentar nos próximos anos.
Há muitos outros momentos em que a IA deve se tornar protagonista no setor logístico, como por exemplo a gestão de estoque. Os sistemas alimentados por essa tecnologia podem avaliar as tendências de vendas, o comportamento do consumidor e os dados de estoque, o que faz com que as empresas reduzam custos de manutenção ao automatizar os pedidos. Tudo isso orientado pela demanda e pela necessidade de reposição de estoque.
Além disso, a IA de visão computacional e a robótica podem automatizar uma variedade de tarefas de armazém (como classificação, separação e embalagem). Esses métodos facilitam o atendimento mais rápido de pedidos, aumentam a eficiência e reduzem as taxas de erro. Já na parte de gestão de riscos, a inteligência artificial pode avaliar volumes robustos de dados e detectar quaisquer riscos na cadeia de abastecimento, como atrasos ou problemas de qualidade. Por isso, a utilização desta tecnologia deve reduzir os riscos, reforçar a resiliência da cadeia de abastecimento e melhorar o planeamento de contingência com a utilização de sistemas de alerta precoce e análises preditivas.
Por tudo isso, considero a aplicação da IA às operações logísticas uma tendência que deve desbloquear os caminhos para o setor de logística nos próximos anos. Dada à velocidade com que o segmento cresce e as necessidades do consumidor cada vez mais exigente, a IA, em breve, passará a fazer parte de uma abordagem estratégica dentro das empresas com objetivo de melhorar a tomada de decisão, otimizar a alocação de recursos e agilizar procedimentos.
A expectativa é que isso ocorra o quanto antes, elevando a trajetória do setor para novos patamares.
(*) Solutions Consultant da Descartes